PANDEMIA, RESISTÊNCIA E APRENDIZAGENS
A pandemia trouxe até nós múltiplas aprendizagens, a duras
penas, a fórceps, sob tortura. São inúmeras faces que destacam o rol de dores,
aflições e situações que nos elevaram na condição de aprendizes. Quem se abriu
a absorver as lições que toda essa angústia nos proporcionou, cresceu. Mas,
lamentavelmente, tem gente que é feito pedra, que duvidou da ciência, que negou
o poder salvador das vacinas, que até mesmo, minimizou o poder destrutivo do
vírus. Chegaram a suspeitar dos números divulgados pela imprensa, pelos órgãos
responsáveis, até mesmo, pela OMS. Aquele que se dispôs a aprender com as
quedas, saiu fortalecido e mais preparado para batalhas vindouras.
A pandemia nos trouxe sofrimento, medo e inquietação. Gerou
insegurança, ansiedade e, infelizmente, momentos de depressão. No entanto, por
outro lado, proporcionou exemplos de cooperação, de entrega, de doação. Pessoas
se colocaram à disposição para servir, para colaborar, para encorajar e
estimular os temerosos. Todos extremamente preocupados com tudo o que
acontecia. Não sabíamos quem seria a próxima vítima do malfadado vírus. Partiram
vizinhos, familiares, amigos, amores...
De tudo, ficou a lição que somos seres feito camaleões que se
adaptam, não desistem e encontram motivos para persistir, prosseguir, com
resiliência e força. Tivemos de nos superar, exercer o dom da resistência.
Traçando um paralelo, apesar de tantos dissabores, a lâmpada brilha. É sol em
lugar escuro. O bulbo de vidro frágil e transparente recobre o encontro de
forças antagônicas. O positivo que é mesmo positivo. O negativo que não é nem
um pouco negativo. É neutro, melhor definição. Deste encontro forçado, em que o
choque é inevitável, o impacto da contrariedade gera movimentos, faz
equipamentos aparentarem vida, a voz ecoar longe, as imagens se propagarem,
alimentos se conservarem, a luz clarear espaços e tantos caminhos.
Interessante perceber que há um sofrimento nessa relação
paradoxal. Dentro da delicada cápsula que compõe a lâmpada um filamento
metálico em espiral resiste. Resiste tanto a ponto de receber o nome de
resistência. Suporta as dores e não se rompe, tem significativa durabilidade e
cumpre um papel de grandeza. Se tocar a lâmpada incandescente sentirá o calor a
queimar as mãos. Melhor de tudo: mais que calor, o filamento resiliente produz
luz e nos faz enxergar as belezas, as feiuras, nossas rugas, nossos sorrisos e
torna visível a lágrima teimosa que, por vezes, ousamos esconder.
Somos resistências em estado puro. A pandemia fez-nos resistentes. A suportar, tolerar, resistir e conduzir o barco por mares bravios, tempestuosos. Quando o choque impacta, assim como a pandemia, o medo chega, mesmo assim não estacionamos impávidos sem sair do lugar. Podemos até parar para respirar, recarregar as baterias, na estação do tempo, mas a trilha é longa e exige muito de nós. Vamos seguindo, esparramando o que há de bem, o que ainda resta de vida em nós, que o destino permitiu-nos sobreviventes. A missão é de cada um. Não dá para transferir, terceirizar. Então, o jeito é resistir, aprender, e, quiçá, vencer!
É isso aí!
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