CRÔNICA DE UM DIA QUALQUER
Um dia que parece ser qualquer um, mas não é. Destes bem morosos, de pouco afazer, mas dos primeiros do ano. Mesmo assim, quero ser útil, produzir alguma coisa por mais simples que possa parecer. Plantar uma mudinha, fechar um negócio, atender uma demanda, orientar uma amiga, assistir um bom filme, passar verniz em um banco de madeira, escrever um texto. Ou quem sabe todas estas pequenas coisas agrupadas para fazer o dia ter sentido.
Acabei a esta altura, em pleno sol das três da tarde, cumprindo todas as tarefas já elencadas. Ainda teremos algo mais a realizar neste dia. Vivo este dilema aprisionante: preciso produzir alguma coisa para me sentir útil. Aí, me vem à mente um questionamento também simples. E no dia em que eu não me sentir mais útil, como farei? Certamente, ainda comporei minhas músicas, crônicas e poesias. Enfim, farei coisas que minhas energias permitirem.
A mente humana chega a ser cruel quando impele as pessoas a se entregarem neste afã da utilidade até as últimas gotas de suor. É triste quando as pessoas ficam lutando consigo mesmas na intenção de serem úteis, percebidas, ativas.
Matutando um pouco mais, vem a certeza que preciso ter tempo para usufruir de um tempo que tiver conquistado lá na frente com saúde, disposição e criatividade. Poder viajar mais, arranjar mais tempo para mim e para os que me cercam, sem esta cobrança íntima tão desnecessária para quem tanto já fez.
Se o Criador permitir que tenha velhice que eu a usufrua com sabedoria, como quem está aqui agora apenas para aproveitar do passeio que é a vida, de uma travessia árdua, mas plena de significados. Quando eu tiver tempo que ainda dê tempo!
É isso aí!
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