CONSCIÊNCIA

09:13 José Luiz 0 Comments

Tire seu preconceito do caminho que eu quero passar com minha cor. Somos todos iguais nas diferenças. O que nos faz melhor é a capacidade de conviver e respeitar sem distinção. O que nos faz pior é a triste convicção que alguém carrega imaginando que pode ser superior por uma questão de cor de pele, condição social ou religiosa. Ainda temos impregnados os ranços de uma nação escravagista que considerava o negro como ser inferior que sequer possuía alma. Muito ainda há que ser desbravado para que impere a verdadeira justiça social e que o negro possa definitivamente ocupar o espaço que é de direito a todo cidadão. Longe de mim, querer ocupar o lugar de fala que pertence a quem vive estas circunstâncias na pele. Falo na ótica de quem meramente respeita e valoriza todas as identidades.

Os dados estatísticos não mentem. Basta ainda você olhar para os lados, andar pelas ruas dos bairros economicamente mais favorecidos observando quem mora nas melhores casas e caminhar pelos bairros mais carentes; observar os altos cargos de todos os poderes; dedicar atenção aos profissionais liberais de mais prestígio social. É muito simples chegar à conclusão de que estamos muito distantes da igualdade que é tão propagada e que um abismo ainda separa a realidade do ideal imaginado.

O negro precisa estar nos bancos das universidades, precisa se encorajar e se sentir capaz de romper os grilhões sociais que ainda o aprisionam. É hora de nós, de pele com tom diferente (creme, bege, sei lá), parar de achar que o preconceito está com os próprios negros e que eles têm vergonha da própria cor. Não existe racismo reverso. É invenção para quem quer justificar e/ou amenizar a acidez de seus próprios preconceitos.

20 de novembro marca a data em que Zumbi dos Palmares tombou em batalha. Mais do que discriminados, os negros foram massacrados, subjugados, tiveram o apagamento de sua história. Faz todo sentido a retomada da consciência negra, a reflexão nesta data, que é retomar o conhecimento sobre si, sobre sua história, sua cultura que, por séculos, foi apontada como primitiva e inferior. Apesar de sempre haver controvérsias históricas, Zumbi era um jovem que teve o privilégio de ser educado como branco na época (sabia falar até latim), mas preferiu liderar seus irmãos nos quilombos e morrer pela causa da liberdade. Era tocado pela indignação. Ele compreendia sabiamente o significado dos direitos iguais, dos ideais da justiça e da equidade. Morreu por transgredir as leis da época. Nem sempre transgredir historicamente uma norma é romper com seus próprios princípios éticos. Assim como outros mártires, pelejou contra uma cultura predominante em que proliferava o preconceito e a intolerância. Zumbi sobressaiu-se a tudo e a todos com a marca do combate dos negros pela afirmação de seus direitos e pela dignidade humana. Passados mais de três séculos, a luta de Zumbi ainda continua. Hoje, abastecidos com as armas da educação e da justa consciência. Que as diferenças que torna tão singulares nossas existências nos façam mais juntos, pois é a riqueza maior que nos completa.

É isso aí!

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