CONSCIÊNCIA
Os dados estatísticos não mentem. Basta ainda você
olhar para os lados, andar pelas ruas dos bairros economicamente mais
favorecidos observando quem mora nas melhores casas e caminhar pelos bairros
mais carentes; observar os altos cargos de todos os poderes; dedicar atenção
aos profissionais liberais de mais prestígio social. É muito simples chegar à
conclusão de que estamos muito distantes da igualdade que é tão propagada e que
um abismo ainda separa a realidade do ideal imaginado.
O negro precisa estar nos bancos das universidades,
precisa se encorajar e se sentir capaz de romper os grilhões sociais que ainda
o aprisionam. É hora de nós, de pele com tom diferente (creme, bege, sei lá),
parar de achar que o preconceito está com os próprios negros e que eles têm
vergonha da própria cor. Não existe racismo reverso. É invenção para quem quer
justificar e/ou amenizar a acidez de seus próprios preconceitos.
20
de novembro marca a data em que Zumbi dos Palmares tombou em batalha. Mais do
que discriminados, os negros foram massacrados, subjugados, tiveram o
apagamento de sua história. Faz todo sentido a retomada da consciência negra, a
reflexão nesta data, que é retomar o conhecimento sobre si, sobre sua história,
sua cultura que, por séculos, foi apontada como primitiva e inferior. Apesar de
sempre haver controvérsias históricas, Zumbi era um jovem que teve o privilégio
de ser educado como branco na época (sabia falar até latim), mas preferiu
liderar seus irmãos nos quilombos e morrer pela causa da liberdade. Era tocado
pela indignação. Ele compreendia sabiamente o significado dos direitos iguais,
dos ideais da justiça e da equidade. Morreu por transgredir as leis da época.
Nem sempre transgredir historicamente uma norma é romper com seus próprios
princípios éticos. Assim como outros mártires, pelejou contra uma cultura
predominante em que proliferava o preconceito e a intolerância. Zumbi
sobressaiu-se a tudo e a todos com a marca do combate dos negros pela afirmação
de seus direitos e pela dignidade humana. Passados mais de três séculos, a luta
de Zumbi ainda continua. Hoje, abastecidos com as armas da educação e da justa
consciência. Que as diferenças que torna tão singulares nossas existências
nos façam mais juntos, pois é a riqueza maior que nos completa.
É
isso aí!
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