RESISTÊNCIA

07:33 José Luiz 0 Comments

A lâmpada brilha. É sol em lugar escuro. O bulbo de vidro frágil e transparente recobre o encontro de forças antagônicas. O positivo que é mesmo positivo. O negativo que não é nem um pouco negativo. É neutro, melhor definição. Deste encontro forçado, em que o choque é inevitável, o impacto da contrariedade gera movimentos, faz equipamentos aparentarem vida, a voz ecoar longe, as imagens se propagarem, alimentos se conservarem, a luz clarear espaços e tantos caminhos.

Interessante perceber que há um sofrimento nessa relação paradoxal. Dentro da delicada cápsula um filamento metálico em espiral resiste. Resiste tanto a ponto de receber o nome de resistência. Suporta as dores e não se rompe, tem significativa durabilidade e cumpre um papel de grandeza. Se tocar a lâmpada incandescente sentirá o calor a queimar as mãos. Melhor de tudo: mais que calor, o filamento resiliente produz luz e nos faz enxergar as belezas, as feiuras, nossas rugas, nossos sorrisos e torna visível a lágrima teimosa que, por vezes, ousamos esconder.

Somos resistências em estado puro. A suportar, tolerar, resistir e tocar o barco por mares bravios, tempestuosos. Quando o choque impacta, o medo chega, mesmo assim não estacionamos sem sair do lugar. Podemos até parar para respirar, recarregar as baterias, na estação do tempo, mas a trilha é longa e exige muito de nós. Vamos seguindo, esparramando o que há de bem, o que ainda resta de vida em nós. A missão é de cada um. Não dá para transferir, terceirizar. Então, o jeito é resistir e, quiçá, vencer!

É isso aí!


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