FRUTOS
"Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém
colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas?" Mateus, um dos
evangelistas bíblicos, expressou nestas palavras o pensamento de Jesus sobre algo
tão simples. A origem das coisas. Meu pai, no alto de seus parcos anos de
escola, com a sabedoria dos homens forjados pelo sol escaldante e pela dureza
implacável da vida, ao ter pessoas dizendo que teria tido sorte por ter bons filhos,
perguntava solenemente se era possível nascer abóboras em pés de melancia.
Cuide bem, faça o possível para educar seus rebentos. Porém,
uma coisa é certa. Filho não é só pra gente. Filho é para o mundo, para a vida.
Precisa ser criado para ter em si uma carapaça que o prepare para o
enfrentamento, para a labuta, dando condições de sobreviver física e
emocionalmente às batalhas que a vida certamente proporcionará.
Dê proteção, mas permita que enfrentem e construam a própria
história, que conheçam as regras do jogo, que criem anticorpos para suportar as
dores provocadas por um mundo voraz. Querer os filhos permanentemente embaixo
de asas protetoras e seguras, servirão apenas para impedi-los de voar. Filho da
gente deve ser criado para as alturas, para serem águias, e não pobres galinhas
a ciscarem no fundo do quintal. Que meu egoísmo em não querer sofrer a ausência
não impeça meus meninos e meninas de irem longe, o mais longe que puderem ir.
E quando estiverem no alto de seus voos, que eu admire e
acredite que tenha algo de mim nesta ousadia, nesta coragem em encarar os céus.
Mesmo que bata a saudade, provocada pelas distâncias que estes insólitos voos
propiciem, eu devo suportar e tentar ser feliz assim mesmo, pois alegria maior
para um pai e uma mãe é ver seu filho feliz, seguindo à frente, desbravando e
superando os rigores, as inclemências, de tempos difíceis. Voem, meus filhos,
voem!
É isso aí!
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