COLO
Sabia mais que ninguém o que era amor, a ponto de nos ensinar
sem dizer uma única palavra o sentido de tudo. Ensinou-nos que podemos amar de múltiplas
formas. No cuidado, na atenção, numa pergunta despretensiosa de “como vão as
coisas”. Era o sinal de que ali havia alguém que se aconchegava e velava o
outro com um dom sublime de espalhar bondade, propagar afeto.
Minha mãe sabia das coisas. E como sabia! Partiu desta terra
faz algum tempo, mas é como se ainda estivesse aqui bem pertinho, zelando pelos
que amou. Não passo um dia sequer sem me lembrar de sua voz, de seu sorriso
sereno, de seu afago, de seu abraço. Sinto-me ainda protegido em seu colo, seguro
para prosseguir sem medo. Talvez, isso tenha me sustentado até aqui e me feito
levar adiante a missão linda de viver, sobreviver, existir...
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