COLO

12:55 José Luiz 0 Comments

Minha mãe sabia o que era amor. Nem falava direito sobre estas coisas, tão simples que era. Mas, quando ela se aproximava da gente, o amor parecia palpável tal sua intensidade. Amanhecia o dia cantando, com o rádio ligado, e um carinho por tudo e por todos. Amava o papagaio falante, o cachorro sem uma das patas, o marido trabalhador, os meninos tantos correndo pela casa e quintal.

Sabia mais que ninguém o que era amor, a ponto de nos ensinar sem dizer uma única palavra o sentido de tudo. Ensinou-nos que podemos amar de múltiplas formas. No cuidado, na atenção, numa pergunta despretensiosa de “como vão as coisas”. Era o sinal de que ali havia alguém que se aconchegava e velava o outro com um dom sublime de espalhar bondade, propagar afeto.

Minha mãe sabia das coisas. E como sabia! Partiu desta terra faz algum tempo, mas é como se ainda estivesse aqui bem pertinho, zelando pelos que amou. Não passo um dia sequer sem me lembrar de sua voz, de seu sorriso sereno, de seu afago, de seu abraço. Sinto-me ainda protegido em seu colo, seguro para prosseguir sem medo. Talvez, isso tenha me sustentado até aqui e me feito levar adiante a missão linda de viver, sobreviver, existir...


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