BEM LONGE...

13:29 José Luiz 1 Comments


A morte é nossa irmã. Francisco, aquele moço rico de Assis que abandonou o castelo cheio de luxos e regalias para ir morar junto aos pobres e leprosos, disse que todo e qualquer episódio ou ser neste mundo ou na vastidão do universo - serenos ou fatais, amenos ou implacáveis - devem ser compreendidos como nossos irmãos.

Quem sou eu para contestar um dos homens mais santos e sábios que já pisou nesta Terra. Mas, mesmo fazendo um esforço para entender a problemática desta consideração franciscana, peço a esta irmã – morte - que não chegue tão cedo. Não precisa acelerar o passo, irmãzinha! Fique aí em seu canto, com a foice na espreita, pois ainda quero respirar muito nesta vida. Deixa pra mais tarde.

Não há porque trazer a morte pra perto da gente sem necessidade, desafiá-la ou dizer que são maricas aqueles que não se encorajam a sair por aí encarando-a sem razão. Não tenho superpoderes, nem sou “imorrível”. Até que os queria ter. Imagina que maravilha seria poder voar ou ter o poder da cura?

Aqueles que espalham o terror e nada fazem para impedir a ação da nossa irmã morte, quando têm a oportunidade de espalhar vida, talvez em ampolas e agulhas, são companheiros dela. E os que defendem esta postura funérea transportam foices invisíveis que colaboram na ceifa de vidas e mais vidas. Dá-se a impressão de que o propósito é este, uma coisa sádica e macabra.

Do meu lado, vou dando preferência à vida, a possibilidades de usufruí-la com menos dor, com mais leveza e mais saúde. Por mais dura que seja esta nossa travessia pelo mundo, ainda quero vivê-la com intensidade. Quero expor meu braço ao que vem da China, da Europa, da América do Norte, daqui do Brasil, como um réptil afoito por respirar mais e melhor. E que não demore.

Prefiro seguir vivendo e deixando alguns irmãos mais ardilosos e rebeldes como a morte para um outro momento. E que seja longe, bem longe…

É isso aí!


1 comentários:

Unknown disse...

Que ela demore a chegar
E quando ela chegar
Perceba que se enganou
E vá para outro lugar
Ainda tenho muito a viver
Muito a respirar