LUZ

16:22 José Luiz 0 Comments


Se o tempo favorece um pouco de reflexão, cabe a cada um ponderar sobre tudo o que está acontecendo, o que estamos passando, como chegamos até este ponto. São reiteradas notícias de pessoas que pereceram ante esta doença. Lá no começo, vinham somente notícias de longe. Enquanto eram pessoas que não conhecíamos, parecia algo que não nos incluía. Agora, estão indo embora nossos tios, primos, amigos. Muitos perdendo os pais, os irmãos, os maridos, as esposas, os filhos...

Escrevendo este texto uma lágrima cai sem conseguir segurá-la ao pensar em tanta dor, tanto sofrimento. Certamente que nunca, nem mesmo inspirados em fantásticas produções ficcionais, imaginamos passar por situação semelhante na vida real.

Quando chegava este período do ano, era sempre tempo de nos ajuntar, de celebrar a Páscoa. Sábado de Aleluia, então, parecia, em meu imaginário de infância, um dia de libertação, de alívio, de uma sensação de vitória e liberdade. Agora, o que sinto é a impressão de estar numa prisão cujas portas não querem ceder por nada. Vontade de poder visitar meu filho, de acolher meus amigos em casa, de celebrar a vida com sorrisos, toques e abraços. Esta vontade precisou ser contida e as ações advindas dela interrompidas postergadas, adiadas, não se sabe certamente para que tempo, para quando.

Estamos todos muito fragilizados, em um estado de luto permanente, prestes a desabar em lágrimas a qualquer momento. O que nos resta é fazer do sofrimento, da dor, uma oportunidade de crescimento. Tentar encontrar flor em meio aos espinhos, tentar achar motivos para não esmorecer ou, até mesmo, não perder a sanidade mental, o equilíbrio emocional. E sigamos lutando contra nossos medos, nossas agonias e inseguranças, a fim de perseverar na colheita, em esparramar sementes, em plantar esperança, persistir com fé. Sejamos sobreviventes que creem, apesar da desfaçatez dos que negam a claridade dos fatos e insistem no obscurantismo, encarcerados em uma verdadeira idade média que teima em não findar. Sejamos a luz!

É isso aí!


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