MAIS HUMANOS...

14:51 José Luiz 0 Comments

 

Caridade é a prática do bem sem esperar nada em troca, sem lampejos de vaidade, sem propagandas. Não ouso falar de caridade numa perspectiva religiosa, nem tenho autoridade para isso. A caridade tem a ver com nossa postura humana, trata de nossas relações com o semelhante, com tudo o que nos cerca, com o mundo. Ela se associa a uma bondade ingênua, genuína, que não se ocupa de atos pirotécnicos para chamar a atenção para o feito. Quando faço algo bom e fico no aguardo do aplauso como recompensa é vaidade, não caridade.

A caridade, como bondade genuína, acontece dentro de sua cozinha, no seu banheiro. O primeiro ambiente em que a caridade deve ser praticada é junto aos seus, aos mais próximos, aos seus maiores bens. Hipocrisia não rima com caridade. A prática da caridade eleva a condição humana a um estágio superior. Ela esta não só nas ações ditas concretas, mas também no respeito ao semelhante, do menor ao mais importante. De nada adianta o livro sagrado embaixo do braço, se os gestos de amor não saem do coração. Uma palavra pode salvar uma vida. Um olhar de atenção talvez seja a única coisa que resta a uma pessoa em desespero. Tem hora que sentimos ser dotados de um bom coração repleto de boas intenções, mas não há aliança com a ação. Ficamos restritos à boa vontade, porém não vamos ao encontro de quem espera por nós. Por mais que tenhamos fé, por mais que tenhamos esperança, sem o poder da caridade, somos nada. E se temos algo a oferecer, e nada fazemos é propósito injusto perante o dom, o talento, recebido de graça.

Viver sem caridade é vida vazia, é vida sozinha, é nuvem que não chove, é livro com páginas brancas, é caneta sem tinta, é existência abandonada ao egoísmo. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque na verdade não há, já dizia o poeta. O tempo de amar é agora, é urgente, é preciso. Exercer a caridade é saber perdoar, compreender o outro, aceitar as diferenças, é amar de forma total e irrestrita, sem cobranças ou clamores por afetos recíprocos. O destino do homem encerra-se fora da caridade, perde o sentido de existir, perde-se a noção de sua história. Vale mais o homem ou a mulher que mais praticou a caridade, às vezes na solidão do anonimato, ou um grande milionário que passou pela vida pensando somente em si?

Caridade é doação consciente e serena aos que precisam de seu olhar, de sua entrega, de suas palavras, de sua vida. Que não sejamos econômicos no bem praticado. Economizemos palavras que firam, gestos que deixam marcas ruins, intenções que maltratam. E que nossa caridade nos permita ser cada dia mais humanos.

É isso aí!


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