SILÊNCIO
Estava ouvindo aquela canção do Renato Teixeira e Dominguinhos que fala da amizade e lá no meio tem a palavra silêncio. “Sabe entender o silêncio...”. Que palavra linda, tanto significado. Silêncio vem do latim silentium e quer dizer o ato de se calar, quieto, evitar ruído. Tem hora que é tão necessário deixar também a alma sem ruído, a mente sem ruído... Lembra-se da passagem do Cristo e quando quiseram que condenasse a mulher adúltera, mais que as palavras proferidas o que mais causa impacto é o profundo silêncio no momento da pressão, no turbilhão dos momentos de conflito. Ao ser questionado, ele silenciou e passou a rabiscar o chão. Só depois proferiu a célebre frase.
Tem hora que é preciso se aquietar, se afastar. Este silêncio permite a compreensão dos fatos, a forma melhor de agir, o jeito certo de atuar, o tom certo na voz. Você não precisa dar respostas para tudo o tempo todo. Melhor, às vezes, é acalmar o espírito e deixar calar a voz, para depois pronunciar na hora certa. Não tenhamos tanta pressa, saibamos esperar. Vivemos em tempos de fadiga, de atropelos, de impaciências. E em tempos tão afobados, precisamos compreender, saber entender, perdoar, ouvir mais, falar menos. Deixar que os outros encontrem em você a pessoa em quem podem confiar para falar o que o coração pede.
E no seu silêncio amoroso, aquele que apenas ouve, sem condenações, sem pré-julgamentos, sem o afã de usar o braço pesado da condenação, saberá compreender o outro e falar o que ele realmente necessita de ouvir. E quando também for necessário procure alguém que irá lhe ofertar a mesma paciência, o mesmo dom, o mesmo silêncio. Tudo é para ontem, tudo com tanta pressa. Aí, vamos no embalo e também julgamos com pressa. Esbravejamos, tomamos decisões precipitadas, atacamos antecipadamente, com medo das reações sem ao menos saber se virão. Não podemos perder a paciência, a capacidade de analisar, refletir, ponderar, pensar com calma. Este mundo atribulado precisa de pessoas mais serenas. Este mundo conta com seu equilíbrio, sua forma serena de agir, seu jeito simples de dizer as coisas certas. Para isso é preciso exercitar o dom de silenciar, de compreender, de guardar para si algumas coisas que nem podem ser ditas, inclusive.
Quando você empresta os ouvidos e o coração para aquele que precisa, você simplesmente passa a cativar. E já dizia Antoine Exupéry, “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. O começo da sabedoria é o silêncio. Tudo começa pela capacidade de saber ouvir mais. Para todos os males há dois remédios: o tempo e o silêncio. Aquele que consegue manter o silêncio quando tudo o mais pede o grito, clama pelo desespero, é um forte. Alguém capaz de dominar seus próprios ímpetos de agressividade. Silêncio e solidão tem hora que se fazem tão necessário. Um momento para si mesmo, de autoconhecimento, de autoanálise, de saber quem de fato é. Há uma beleza tão grande nestas horas em que se compreende a importância do silêncio. Como acredito que Deus é um poeta, que Deus é o mais puro amor, acredito também que ele gosta de habitar o silêncio, conhecer a fundo o que de fato somos.
Às vezes quando muito se fala, pouco se ouve. O coração se fecha para os rompantes negativos dos gritos. Saibamos silenciar no tempo certo. Há momentos em que o silêncio é a melhor das respostas. Permita que as coisas se acalmem com o seu sábio silêncio. Como diria o sábio: a palavra é prata, o silêncio é ouro. Assim, fiquemos ricos com nosso silêncio prudencial. Há ainda aquela expressão “dizem as más línguas”. Já as boas preferem o silêncio e não passam adiante o que o mal provoca. Assim, fiquemos em paz.
É isso aí!
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