ALIENAR-SE
A alienação tem vários preceitos, especialmente jurídicos. Não é desta seara que trataremos aqui. Falo da alienação como meio de isolamento, de não participação, de isolamento de coisas cruciais na existência humana. Dizem que a pessoa alienada não quer se envolver, vive a se esquivar de tudo, não quer se comprometer, escolhe viver à margem de todos os assuntos. A alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos de pensar ou agir por si próprios, visto pelo lado da ciência. Há ainda os sujeitos alienados não têm interesse em ouvir opiniões alheias, e apenas se preocupam com o que lhes dizem respeito. Quando eu escolho não participar de determinada situação, eu permito que outros o façam por mim. Por consequência, perco também o direito de reclamar, visto que não quero me comprometer, sequer me envolver.
Esta situação pode ser vivida em diversos campos da vida. Estamos vivendo agora um período delicado na vida do país. Vamos escolher nossos representantes nas instâncias estadual e federal. Vamos definir quem serão nossas vozes nas assembleias legislativas e no congresso nacional, os homens e mulheres que serão responsáveis por elaborar as leis que regem o estado e o país, e que tem o dever de acompanhar e fiscalizar o poder executivo. Também iremos eleger os governadores e o presidente da república. Olha o tamanho de nossa responsabilidade! Aí, chega alguém e diz que não gosta deste papo, que não se mistura com a política. Ou seja, será dominado pelos que gostam, e nem sempre os que apreciam esta área são os mais indicados. É meramente uma questão de escolha. Aqueles que não se envolvem serão dirigidos pelos que se envolvem. A omissão, este afastamento, também é uma postura política, queiram ou não. O fato de se dizer apolítico já é uma posição política.
O que não podemos fazer é nos alienar. Não assumir o que nos cabe. Um parente doente que precisa de nosso apoio e fazemos de conta que não é conosco. Isso é uma alienação terrível de quem só se preocupa com o próprio umbigo. Você pode se alienar numa relação amorosa, conjugal, quando delega toda sua vida às decisões do outro. Você não é o clone mal acabado de ninguém a ponto de permitir que alguém vá tomar decisões sobre sua própria vida. Precisamos ser autônomos, decididos, responsáveis. Quando não assumimos o leme de nossas existências, não queremos nos tornar responsáveis por aquilo que nos cabe, vamos deixando nossas vidas meio nubladas, foscas, sem viço, sem brilho, sem força. À medida que você encontra as razões pelas quais existir e lutar, deixa a alienação bem longe, pois sabe bem o que quer da vida e é perfeitamente capaz de tomar as próprias decisões, mesmo com a consciência de que pode errar e ter de assumir as consequências de alguma escolha equivocada.
É importante que tomemos conhecimento do todo, mesmo que não façamos todas as tarefas. Por exemplo, numa construção, sou o servente de pedreiro. Apesar de fazer apenas o que cabe a um servente, preparar a massa, entregar os materiais, etc., tem consciência de que colabora em uma construção que vai abrigar pessoas, que fará bem a tanta gente. A alienação, em si, é uma espécie de servidão, próprio de quem se deixa dominar, que se aquieta e não decide por si só. Fugir desta condição é tirar as vendas dos olhos, é conseguir enxergar para além do que está à frente dos olhos, consegue ver bem mais longe. Assim, sigamos tomando as rédeas de nossas vidas. Somos os senhores de nossas histórias. Sigamos aprendendo com os erros e não tenhamos medo de ser o que realmente somos.
É isso aí!
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