AMADURECENDO...

08:44 José Luiz 0 Comments

Maturidade é o estado, é a condição que se estabelece em um estágio adulto, é a condição de plenitude no saber ou em uma habilidade adquirida. Na vida a pessoa tem duas opções: ou apodrece ou amadurece. A maturidade acontece quando a gente não se deixa atingir tão facilmente pelas críticas ou por intrigas alheias; quando se conhece o próprio potencial, quando se avança sem ficar olhando tanto para trás, quando tem coragem para prosseguir mesmo quando o medo quer nos emperrar.
Tanta coisa já se passou e tanto ainda há por vir. A vida é assim: você acha que encontrou a solução para seus problemas e quando esplendidamente repousa em aprazível berço, eis que outros problemas surgem. E não adianta tentar a fuga, eles – os problemas – são seus e a ninguém mais cabe resolvê-los. É preciso abrir o peito, condicionar o espírito, encarar as situações e buscar a devida solução. Não existe felicidade completa, já diriam os literatos de plantão. Você acha que encontrou o par ideal, ajunta os trapos e pensa vai ter uma vida feliz, linear, sem maiores percalços. Ledo engano, ilusão fugaz, fumaça que dissipa aos olhos. Passado alguns dias, as diferenças surgem feito turbilhão, muitas vezes quebrando um encantamento puramente virtual. Como diria Chico, em sua ciranda da bailarina, todo mundo tem suas mazelas, suas marcas de vacina, todo mundo faz pecado. Assim, os problemas são matéria prima da vida, você não existe sem eles. E a capacidade de solucioná-los aumenta de acordo com a maturidade que vamos adquirindo com o passar dos anos, com o pratear dos cabelos. Tem quem teima em não amadurecer, insiste até quando pode na eterna adolescência existencial. É uma pena, sofrerão ainda mais com os tropeços, com as decepções que fatalmente a vida nos proporciona. É preciso, então, aprender com eles para que nos tornemos mais capazes no enfrentamento de outros que, inevitavelmente, vão acontecer. A saída, nesta altura, é tentar viver feliz, mesmo com as dificuldades; é encontrar alegria em superá-las; é aprender a conviver com as adversidades e o contraditório. E ver no que vai dar.

Maturidade não é sinônimo de velhice. Tem gente que alcança a maturidade ainda no esplendor da juventude. E por outro lado, ainda tem pessoas com cabelos brancos que nunca atingem a maturidade. Sofrem, apanham da vida, e ainda acham que a culpa é dos outros. Falta humildade para reconhecer que também erra e, desta forma, não conseguem amadurecer. Maturidade não é privilégio de “gente velha”, apesar de não gostar deste termo. As pessoas vivem diferentes etapas da vida. Muitos são velhos mesmo antes de envelhecer. Que o tempo nos permita ser melhor a cada dia. 

O ser maduro tem responsabilidade pelos seus atos, assume posições concretas perante a vida, não foge das responsabilidades, assume-se como pessoa. Enfim, a pessoa madura vive de fato a verdadeira independência. Ter maturidade é entender que todos somos iguais no direito de existir. É ter consciência de que não somos superiores e inferiores. Por mais que não gostemos de alguém, por mais que sejam diferentes de nós, por mais que não compreendamos e não concordemos, merece o mesmo respeito. Assim, a pessoa madura respeita a todos e a si mesma. Respeita a vida, com todas suas nuances, com tudo que dela faz parte. Ser maduro significa também ser tolerante com os outros, é aceitar que somos todos imperfeitos e limitados, que ninguém pode desmerecer o direito de alguém existir e ser como ele é, independente se gostamos ou não de sua forma de vida.

Ninguém neste mundo está livre de dor e sofrimento. Ser maduro é aceitar esse fato, ao invés de tentar evitar o que nos machuca, é preciso aceitar as dores da vida. Isso significa ter certa resiliência, desenvolvendo uma capacidade de absorver o sofrimento, compreendendo que também ele faz parte da vida, mas sem se entregar à tristeza e ao ressentimento, sem transformar o sofrimento em um monstro imbatível. É aceitar a dor sem se ver como vítima, é aceitá-la como aquilo que ela é: uma parte de nós. Maturidade, enfim, não é buscar ser feliz o tempo todo, mas saber que a tristeza também é importante para o crescimento, aceitando-a com dignidade. Quem é maduro é coerente, compreensivo, pacificador, porém tem posições firmes e sabe se manifestar quando necessário, com o tom certo, na hora certa. Compreende que as coisas nem sempre são como parece e que tudo na vida tem, no mínimo, dois lados e que ver sem diferenciar só serve para limitar, e muito, nossa visão. Sigamos amadurecendo.

É isso aí!

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