José Luiz

09:17 José Luiz 0 Comments

RONALDO

Ronaldo é um exemplo. Derrapa, comete deslizes, cai, machuca, mas sempre dá a volta por cima. Mais do que o apelo do comercial de cerveja em que se autoproclama guerreiro, com um copo de bebida alcoólica na mão (dando aí um péssimo modelo a ser seguido), a figura do robusto craque remete à idéia de um vencedor que consegue superar com perseverança, autoconfiança e humildade, todas as barreiras que lhe são impostas pelo destino. Perseverança por nunca desistir e considerar que já está ultrapassado e que não tem mais jeito; autoconfiança por acreditar demais em seu potencial, em sua inteligência e força de superação; humildade por sempre estar pronto a atender os chatos dos repórteres esportivos que abordam os jogadores com as mesmas surradas perguntas, por fazer-se mais um no grupo, por não exigir regalias nem privilégios, por nunca ter perdido o olhar terno da criança simples de bairro pobre.

O maior artilheiro de todas as copas tem uma inteligência refinada, consegue enxergar antes o que outros só vislumbram muito depois. Dá as repostas certas para os céticos e críticos: no campo de jogo, onde sabe que pode fazer melhor. Deve ser muito bacana para ele ouvir comentaristas falastrões se redimirem perante seu talento com as faces rosadas pela vergonha por terem de tecer elogios ao Fenômeno. Não lhes restam outras opções.

Gordo, pederasta, bichado, desmotivado, ex-jogador: todas as pedras foram atiradas em direção ao craque. Mas, Ronaldo, como excelente driblador, com velocidade de campeão olímpico, não pegou as críticas para si, se amofinando em um quarto escuro, e se desgarrou, saiu do casulo mais uma vez, ressurgindo com um ser capaz de proporcionar momentos de rara beleza e fulgor.

Por isso, Ronaldo é exemplo para nossas crianças e jovens, para todos nós. Diz-nos, com suas consecutivas vitórias, que também podemos administrar nossas vidas a ponto de suplantar dificuldades e vir à tona, vencendo, brilhando, emergindo do fundo de nossas piores crises. Talvez nem saibamos dar um chute na bola, mas podemos dar um chute na pasmaceira, no desânimo, na falta de fé e seguir adiante. Ficar lamentando, esparramando lamúrias e reclamações, não vai produzir vencedores dentro da gente. A atitude deve ser positiva, própria de quem vê na luta, no trabalho, na esperança, um caminho a ser trilhado para ultrapassar os limites do descrédito e da depressão.

É isso aí!

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