José Luiz

16:34 José Luiz 1 Comments

ACONCHEGO FAMILIAR

Quantos anos tem seu pai? Qual o dia do aniversário de sua mãe? Fiz esta pergunta a alguns alunos de sétima série, em uma das escolas da cidade, há alguns anos e a grande maioria respondeu que não fazia a menor idéia. Meninos e meninas de 13, 14 anos que não se interessavam por detalhes tão pitorescos da vida dos pais me deixaram com uma pulga atrás da orelha. Uma não. Várias. Será que é culpa dos meninos? Ou será que está existindo um distanciamento entre pais e filhos, a ponto de não haver diálogo, troca básica de informações, aconchego familiar? Para amenizar a situação, disse a eles que certamente os pais saberiam na ponta da língua todas as datas marcantes na vida deles, e que era um menosprezo não procurar se inteirar destes fatos. Imagine só... a mãe fazendo aniversário e ninguém se lembra ao menos de dar um abraço! Triste, não?!

Como já disse aqui um dia, uma geração não se forma sozinha. Se há um desapego às questões domésticas, é justamente por não estarmos cuidando bem deste jardim chamado família. Não damos importância a frágeis pormenores que certamente farão a maior diferença no futuro. Os vínculos estão ficando tênues demais. Não se exige posições de respeito, não se ensina os filhos a pedir a benção, a sentar-se corretamente, chamam a todos por “você”. Parece coisa de gente atrasada, do século passado, quase pré-histórica, diriam alguns. Mas, creiam, estes pequenos gestos cotidianos, atrelados a uma relação amorosa e cordial, fazem muito efeito e colaboram decisivamente na formação de personalidades mais serenas, equilibradas e confiantes. Criança que é educada com atitudes fraternas, porém firmes, em que o não é sempre não, onde as promessas são sempre cumpridas, onde não impera um ambiente hedonista na base do “tudo pode”, tudo em nome da própria satisfação, e nem a mentira é companheira frequente, estejam certos: daí, surgirá um ser mais feliz ou que, pelo menos, saberá lidar melhor com suas frustrações. Amemos tanto nossos filhos, a ponto de não cedermos diante de suas imposições, nem deixarmos de oferecer aquilo que é justo.

É isso aí!

1 comentários:

Yussef disse...

Ih, meu caro...
tu acaba de tocar na ferida, rs
O modelo de sociedade capitalista-consumista-globalizada que o ser humano erigiu para si próprio é o patrono disso tudo.
A descartabilidade de tudo, inclusive emoções, e a velocidade de transformação de tudo, inclusive emoções, atirou-nos nessa zona fantasma.
O controle ou gerenciamento desses processos não estão mas nas mãos humanas.
Tudo faz parte de um quase arquétipo social onde ou é velho, ou é chato, ou toma tempo, ou "somos livres" e não voltaremos a esses comportamentos tidos como atrasados.

Parabéns por ter visto o problema e por ter refletido em cima dele.
E vamos torcer para que a gerações vindouras tenham, ao menos, o espírito da reflexão.

Abraços