José Luiz

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Fazendo a Paz

Vamos fazer um grande evento pela paz? Vamos juntar todos os grupos e agitar bandeirolas brancas e gritar palavras de ordem pelas ruas? Vamos fazer um culto ecumênico gigantesco para milhares de pessoas em um grande espaço público? Tudo isso é muito bonito e provocaria um baita efeito momentâneo. Mas, e o dia seguinte? A construção de uma cultura de paz demanda muito mais. É preciso o engajamento sólido e contínuo de todos os atores sociais. Cada qual no seu canto, cada um no seu contexto, pode dar uma significativa contribuição na implantação de uma nova mentalidade a ser formada a partir da mudança de hábitos e da cooperação mútua. São os educadores nas escolas, os líderes religiosos, os pais e mães de família, os patrões e empregados, os governantes e legisladores, os clubes de serviço, as grandes e pequenas empresas, que podem fazer desta discussão fervilhada por episódios trágicos, uma salutar e fértil rotina. Temos de entender que a paz exige entrega, completude de espírito, e não somente fragmentos que regurgitam nos momentos em que somos insuflados por corações feridos pela dor, pela perda. A prática, a conduta pacífica e amorosa dos diferentes entes sociais pode ir consolidando uma forma de viver, um jeito diferente de olhar o mundo, e, aí sim, motivar a transformação tão desejada. Trocando em miúdos, isto não se dá da noite para o dia, depois de um megaevento. Que os eventos aconteçam para que as pessoas possam celebrar a paz e proclamar a luta pela justiça social. Pode ter certeza de que estarei lá. Mas, por que não se falar de paz em outros momentos importantes da vida do povo? Nas festas tradicionais e que costumam mobilizar tanta gente, deveria haver espaço para isso. Que os locutores encham o peito para dizer não só versos de sentido duplo, cheios de erotismos, onde nossas crianças estão todas ouvindo - com nossa clara permissão, mas também palavras que edificam o ser. Seria maravilhoso se todos os ouvidos estivessem dispostos a ouvir falar de paz, de amor, de fé, mesmo de um jeito jocoso e alegre, e que a principal diversão de nossa juventude não fosse se agrupar em torno a um carro com um som no último volume, animados por doses cavalares de bebidas alcoólicas, e embalados por músicas de gosto duvidoso, em que se destaca a “cachorrice” das meninas. E não adianta simplesmente criticar o comportamento dos jovens de hoje. Nenhuma geração se forma sozinha. Estes são nossos filhos. Estamos num intrincado jogo, em que as peças deveriam ser movimentadas no único e exclusivo sentido da implementação natural de uma cultura de paz. Em resumo, somos todos responsáveis. É isso aí!

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